domingo, outubro 31, 2010

Às vezes!...


Às vezes mergulhamos
no passado
encontramos, memórias, alegrias
choros, verdades, afectos
Deixamo-nos embarcar no tempo
que caíu em nós
Descobrimos um cais seguro, que nos
envolve num abraço
Tudo é (e) terno!...
Corremos ao longo do rio
Soltamos gargalhadas
O eco de felicidade faz-se ouvir
na outra margem, escura e bafienta
Mas aqui, aqui não os pássaros soltam-se do peito
Todas as manhãs do mundo
Guardo a saudade!
annadomar

sexta-feira, outubro 01, 2010

RETRATO DO POETA QUANDO JOVEM!




Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.


Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.


Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.


Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história


Jose Saramago