domingo, março 11, 2007

Ébrio de Água

O teu corpo é um copo onde bebo
A pouco e pouco a beleza de mim
Um relvado onde me estendo assim
Num descuido solto que não percebo.

O teu corpo é uma pista de gelo
Onde a minha longa língua carmim
Se desliza indomada e enfim
Se despenha pelo cabo do medo

Da tua boca onde bebo trémulo
Em sôfregos golos de eternidade
Em castos haustos de fugacidade

A profecia que me deixa crédulo
Que tu a mim pertences em verdade
E só a mim, fonte, matarás a sede!


David Rodrigues