quinta-feira, agosto 02, 2007

Flutuar uma cidade!...

Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu...
como seriam felizes as mulheres à beira mar debruçadas
para a luz caiada remendando o pano das velas
espiando o mar e a longitude do amor embarcado
por vezes uma gaivota pousava nas águas outras
era o sol que cegava e um dardo de sangue alastrava
pelo linho da noite os dias lentíssimos...
sem ninguém e nunca me disseram o nome
daquele oceano esperei sentada à porta...
dantes escrevia cartas punha-me a olhar
a risca de mar ao fundo da rua assim envelheci...
acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora,
cresceu-me uma pérola no coração.
Mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto

( a pedido aqui vai o poema)...