domingo, fevereiro 04, 2007

As cartas escrevem-se pelas paredes!...

(extracto)

...e eu nunca parto.
Fico sempre aqui,
de mochila às costas,
sobretudo na mão,
o livro na outra,
e uma carta na algibeira,
de tinta já gasta e envelope
um pouco encardido.
Por isso mesmo,
quando me preparo para partir,
sento-me - como se estivesse a curar um cansaço
que ainda não me tomou.

Como se as minhas mãos já tivessem escrito
milhentas páginas de coisas sem sentido,
de textos sem morada
ou sem remetente definido - enfim, coisas.
Coisas como as praias. Praias como coisas.
Textos como poemas.
Poemas como não-textos...

Sérgio Xerepe