sexta-feira, março 16, 2007

É hoje que escrevo...

É hoje que escrevo ! Sobre o dia sobre a vida!...

O dia é solarengo mas não convence muito , faz dores de garganta que me lixam completamente nos últimos 15 dias. Tosse, nem falar!... Conhece a noite, desata os nós e vai-me dizendo estou aqui e não tenciono abandonar-te até que o dia raie! A cama de casal é pequena para nós!
Vou enganando com mel e praguejando alto outras vezes para dentro , mas não será isso que a fará abrandar e abandonar-me.
Claro, acordo cansada para um dia cheio de horas!

Mas no meio disto há alegrias, anunciei que me ia embora por 3 meses. Amigos que não via há muito apareceram e têm estado. UAU!... Não caibo em mim de contente! Uns há que conhecem partes dos sítios do País imenso para onde vou. Uns optimistas, outros já me leram a cartilha. Chegar sozinha? Estrangeira? Mulher? Só falta dizerem já com alguma idade ( pois o meu problema são as hérnias e a tosse...)Tu tem cuidado não confies em ninguém, olha os cartões, olha os documentos, olha os dedos com ou sem anéis, a cabeça com pensamentos, roubam tudo!...Ás vezes matam! Penso que por este andar vou sair do aeroporto de Lisboa e no primeiro aeroporto em que fizer escala para outros, até encontrar um sorriso amigo. Vou sentar-me no chão em cima da mala (se ainda a tiver) e chorar, até que alguém sério, honesto me acuda, pela saturação de me ver assim tão infeliz!

O meu destino é um local pequenino com pessoas que já pediram para ligar a web cam para anteciparem o conhecimento de mim, estendi logo o pescoço, não fosse verem algumas rugas, pus um ar estudado em pose de sedução, nestas coisas nunca se sabe!
Vou ter com o meu amigo que já lá está, vai-me contando o seu quotidiano, sinto-o feliz, cheio de histórias de terceiro mundo, mas tão carinhosas que nos comovem ás vezes. Penso até que ele irá ter comigo ao primeiro aeroporto onde farei escala, pelo menos as gentes lá da terra já lhe pediram isso. “Não deixes a rapariga sozinha num País desconhecido, sujeita a tudo” , por exemplo ter medo, após todas estas histórias escabrosas que me vão contando, embora não seja muito sensível a isso, sempre fui moça desenrascada e sem medos , mas nunca se sabe...

Sei sim, que vou poder mergulhar a qualquer hora no mar quente, mesmo à porta de casa. Vou poder sentar-me debaixo da mangueira, comer pitangas maduras e beber água de coco, sem sair do quintal e sem perder o mar!...Seguir-se-ão longas horas de conversas com o meu amigo, que conheço há 34 anos, mas nunca dizemos tudo, é infindável o que há de nós por dizer ainda todos os dias que nos encontramos. Vou ficar por ali algum pedaço de tempo. Tentar reconstruir os últimos estilhaços de alma causados, por dias cinzentos sem sonhos a que não me quero habituar. Ainda me apetecem gargalhadas!...



annadomar