segunda-feira, abril 28, 2008

Em louvor do fogo!...






Um dia chega


de extrema doçura:


tudo arde.Arde a luz


nos vidros da ternura.


As aves,no branco


labirinto da cal.


As palavras ardem,


a púrpura das aves.


O vento,onde tenho casa


à beira do outono.


O limoeiro, as colinas,tudo arde


na extrema e lenta


doçura da tarde.


Vê como o verão


subitamente


se faz água no teu peito,


e a noite se faz barco,


e a minha mão marinheiro.




Eugénio de Andrade