sexta-feira, setembro 26, 2008

Saudades de mim!...

Tinha o vento contra a cara e as nuvens e as ondas do mar por conta própria. Sofria muito de amores e não havia amor que durasse que não magoasse. Jurava-me que um dia viria a não ser eu, sem saber o que dizia, sem antecipar a ilusão. Para me vingar de quem não gostava de mim, em primeiro lugar da minha mãe. E agora a dor de ser quem já não se queria, ultrapassada a irremediável distância que vai do desejo ao seu fim, sem mais nada poder adivinhar. Saudades de mim. De quem nunca fui.
Eu não queria. Eu nunca quis. Minto. Eu quis quando não sabia o que queria.


Pedro Paixão
Saudades de mim de Quase Gosto da Vida que Tenho