segunda-feira, janeiro 05, 2009

Poema!...


Podemos falar dos sentimentos,

descreveras impressões que nos ameaçam,

e revelar o vazio

que se descobre na ausência um do outro:

nada, porém,é tão inquietante como a dúvida,

o não saber de ti, ouvir o desânimo na tua voz,

agora que a tarde começa a descer e,

com ela, todas as sombras da alma.

É verdade que o amor não é

apenas um registo de memórias. É no presente

que temos de o encontrar:aí, onde a tua imagem

se tornou mais real do que tu própria,

mesmo que nada te substitua.Então, é

porque as palavras são supérfluas; mas como viver

sem elas? Como encontrar outra forma de te dizer

que o amor é esta coisa tão estranha, dar o que nunca

se poderá ter, e ter o que está condenado

a perder-se? A não ser que guardemos dentro de nós,

num canto de um e outro a que só nós chegamos,

sabendo que esse pouco que nos pertence é

tudo o que cabe neste sentimento.



Nuno Júdice

in- Cartografia de Emoções