segunda-feira, dezembro 15, 2008

Baldio!...




O menino que eu fui debruça-se furtivo


de meus olhos sobre o recanto da paisagem.


Entre a dureza austera dos prédios


e o largo sorriso das vidraças


aquele recanto que sobrou da paisagem


pertence intacto ao menino que eu fui outrora


e o menino que eu fui outrora desce


alvoraçado de meus olhos, desliza


entre o capim, atira pedra ao gala-galas


e salta sobre velhas folhas de zinco


apodrecido, num cenário querido de girassóis


antigos. Então parto dali


e o menino que fui regressa extenuado


e adormece na sombra dos meus olhos






Rui Knopfli