terça-feira, março 23, 2010

HORAS RUBRAS!...



Horas profundas, lentas e caladas,
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas ...

Oiço as olaias rindo desgrenhadas ...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata plas estradas ...

Os meus lábios são brancos como lagos ...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras ...

Sou chama e neve branca e misteriosa ...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca