segunda-feira, março 15, 2010

Um cais chamado Saudade!...



havia um porto
antes
ao alcance da vista

um ponto
onde as naus
suspendiam viagem

as velas arfavam
desenfunadas
e sonhavam

a lua sobre o mar
era um sabre
aparando a água

havia um porto
antes
ao alcance do corpo

(um ponto
onde hoje atraco a saudade
e mais nada)



na exígua laje
o nome em brasa

a primavera exala um odor patético
do peito do mármore
: a lâmina fina de tua morte me transpassa

da pedra ignara
um cancro floresce


a escrita
(como nos estudos de Leonardo)
é corpo dissecado

os músculos saltam dos traços


Sónia Régis