quinta-feira, outubro 29, 2020

Os tempos são de silêncios Diria mesmo melancólicos Há gente que se move muito lentamente Sem pressa de chegar O esforço é grande para não desistir De querer e já sem ser O refúgio dos mais frágeis Somos dunas, mas sem peito Que acolha as madrugadas de medo Escuras, tão londe de nós...
Annadomar

sábado, novembro 09, 2019

Vem...




Vem de vagar,
Que o tempo espera por nós
Enquanto falo ao vento
As ruas vazias
São lagos nos teus olhos
De uma chuva ainda há pouco
Tão forte, quanto o teu peito
Quando me encosto.

Annadomar

quinta-feira, maio 04, 2017

Ás vezes...





Ás vezes é só sereno
com um silêncio que comove
a  distração da alma.
Há barcos alinhados ao longe..
 
 
 
  1. annadomar

sábado, abril 29, 2017


Têm cores fulgurantes
Deslizam entre os dedos
Dos putos da minha rua
Ouvem-se gargalhadas e
zangas, a batota está presente.
E o árbito, e o árbito, cada um deles
à vez, vai cumprindo esse papel.
Não me aproximo da janela
para não estragar estes momento
tão raros, de uma infância perdida


annadomar
tão raross

quinta-feira, abril 27, 2017







O Teu Riso
Tira-me o pão, se quiseres, 
tira-me o ar, mas 
não me tires o teu riso. 

Não me tires a rosa, 
a flor de espiga que desfias, 
a água que de súbito 
jorra na tua alegria, 
a repentina onda 
de prata que em ti nasce. 

A minha luta é dura e regresso 
por vezes com os olhos 
cansados de terem visto 
a terra que não muda, 
mas quando o teu riso entra 
sobe ao céu à minha procura 
e abre-me todas 
as portas da vida. 

Meu amor, na hora 
mais obscura desfia 
o teu riso, e se de súbito 
vires que o meu sangue mancha 
as pedras da rua, 
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos 
como uma espada fresca. 

Perto do mar no outono, 
o teu riso deve erguer 
a sua cascata de espuma, 
e na primavera, amor, 
quero o teu riso como 
a flor que eu esperava, 
a flor azul, a rosa 
da minha pátria sonora. 

Ri-te da noite, 
do dia, da lua, 
ri-te das ruas 
curvas da ilha, 
ri-te deste rapaz 
desajeitado que te ama, 
mas quando abro 
os olhos e os fecho, 
quando os meus passos se forem, 
quando os meus passos voltarem, 
nega-me o pão, o ar, 
a luz, a primavera, 
mas o teu riso nunca 
porque sem ele morreria. 

Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda
Esta quietude que me abandona,
Volta com o vento
Das árvores do meu olhar.
Tanto sobressalto
Como sombras, desvarios,
Respostas incompletas,
Sentidos desviantes, que
nos assaltam.
Eu quero a vida inteira
A cores, eu quero o mar azul, por hoje!

annadomar

sábado, abril 05, 2014

Cheiro-te até à exaustão e
parto mais pobre ainda!...


annadomar


terça-feira, fevereiro 12, 2013

Estou atenta
Oiço passos na minha memória
Vozes antigas, que sussurram com o vento
Há um estremecer de emoções
Enquato viajo de mãos na cabeça
A segurar os sonhos,
Um veleiro atravssa-me o olhar
A saudade é eterna
Em terra, junto à costa


annadomar









Cheiro-te e parto mais pobre!


annadomar

quinta-feira, outubro 04, 2012

Curvada ao tempo
Embrulhada  em si mesma
Fêz uma espiral
No espaço
e voou pela eternidade
Sem retorno, nem nome!

annadomar

sábado, agosto 11, 2012

O céu é meu, quando abraço o

mundo,

a vida ,

o tempo,

É mágico e os braços não chegam

para agarrar o sonho

 do voo planado dos pássaros

Solta-se o grito, no pleno dia

em que tudo vale a pena!...


annadomar

sábado, junho 02, 2012

Tenho para mim, que o tempo foge e procura esconder-se

Das perguntas que se soltam, das pétalas brancas de uma rosa

antes de ti!

Então, percorro os corredores da memória e visto as histórias

escritas nas paredes do ersquecimento.

São ondas de saudade, que me trazem o cheiro das

manhãs jogadas ao chão.

São ondas de saudade, que me trazem o sentir dos teus passos

caminhando para mim!...

 

annadomar

domingo, abril 22, 2012

Um sorriso estonteante

espreita a vida

vestida de luz!...


annadomar

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Sometimes



sábado, outubro 15, 2011

Arte!...

sexta-feira, outubro 14, 2011

Privatize-se...



Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos.Privatize-se a lei,privatize-se a nuvem que passa.E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo.. e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.'




José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

segunda-feira, agosto 22, 2011

A solidão!...



A solidão é viscosa, escorrega pelos dedos

Por vezes senta-se diante do mar,

em silêncio, com os seus fantasmas

renovados.

São fins de tarde tristes, em que a agonia

A visita atrevida, despudorada, disfarçada de

companheira!

De repente levanta-se, caminha sem fim

e acalma a maresia, que lhe enche a alma!...


annadomar


quinta-feira, julho 07, 2011

Viagem!







Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

*ANTÓNIO GEDEÃO



sexta-feira, junho 17, 2011




Bateram à porta, a medo fui abrir, era a saudade disfarçada de palavras antigas, emoções já vividas,com o tempo a envelhecer a vontade de voltar o ponto em que ficaramos a conversar.

Eram palavras tolas , gargalhadas descuidadas, sentires passados numa África escrita no peito aberto.Foi um momento estranho entre o sonho e o irreal, que deixou marcas para que a verdade fosse ouvida!



annadomar

quarta-feira, março 30, 2011

O Mundo!


"O Mundo é um lugar perigoso de se viver,

não por causa daqueles que fazem o mal,

mas sim, por causa daqueles que obsevam

e deixam o mal acontecer."


Albert Einstein


terça-feira, março 08, 2011


Os despojos da manhã,
indiciam uma noite longa
em que os braços se cruzaram
a boca disse não,
o teu corpo esteve ausente do meu
as palavras, morderam a ira
enquanto as horas,
engoliam o tempo da agonia!
annadomar

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Com Passos...


Com passos de nevoeiro saiste de mim e disseste

agora vou morrer noutro corpo

para que nunca mais tenha na minha pele o pânico

das madrugadas que me levavam ao remorso

de acordar no mais fundo de ti


saíste com passos de nevoeiro

e disseste desculpa ser assim

e eu nem respondi porque sabia

que não eras tu que desaparecias mas apenas

o que em teu nome um dia tinha vindo

para que eu não morresse tão longe do lugar do amor


in,Dois Corpos Tombando na Água

Alice Vieira



sexta-feira, novembro 05, 2010

Tirem-me daqui!...


domingo, outubro 31, 2010

Às vezes!...


Às vezes mergulhamos
no passado
encontramos, memórias, alegrias
choros, verdades, afectos
Deixamo-nos embarcar no tempo
que caíu em nós
Descobrimos um cais seguro, que nos
envolve num abraço
Tudo é (e) terno!...
Corremos ao longo do rio
Soltamos gargalhadas
O eco de felicidade faz-se ouvir
na outra margem, escura e bafienta
Mas aqui, aqui não os pássaros soltam-se do peito
Todas as manhãs do mundo
Guardo a saudade!
annadomar

sexta-feira, outubro 01, 2010

RETRATO DO POETA QUANDO JOVEM!




Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.


Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.


Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.


Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história


Jose Saramago

quarta-feira, setembro 01, 2010

Segue o teu destino!...


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam



Ricardo Reis

terça-feira, julho 20, 2010

ENTRE O MAR!


Estou entre o mar e o teu cheiro
A maresia, confunde-me o sentir
Abraço as ondas em movimento
Mergulho no teu corpo e
perco-me na tua pele de seda
São tardes escorregadias de sentimentos
Não se repetem, apenas se lembram


annadomar

sexta-feira, junho 18, 2010

Demissão!





Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.


José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

segunda-feira, maio 31, 2010

Gosto das Mulheres que Envelhecem!...




Gosto das
mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas, os cabelos
caídos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristeza
dos reposteiros. Essas mulheres sentam-se
nos cantos das salas, olham para fora,
para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença de
outras mulheres, sentadas em bancos
de madeira, folheando revistas
baratas. As mulheres que envelhecem
sentem que as olho, que admiro os seus gestos
lentos, que amo o trabalho subterrâneo
do tempo nos seus seios. Por isso esperam
que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios
podem cantar.


Nuno Júdice

sábado, maio 15, 2010

AUSPICIOSO!...


“Auspicioso” é o nome do lugar
onde costumamos observar as aves que voam
e que nada inventam para serem naturais.

Ninguém nota, mas nós chamamo-las,
pelo aceno da fímbria das nossas vestes
aos quatro ventos,
e quando, nos madrigais que inventamos,
a voz das nossas mãos se dá,
planamos nós também,
por sobre os acomodados vales,
de braços abertos às brisas suaves
como sinos de cristais.

Ali reconstruiremos a nossa casa,
retiraremos os escombros,
a fuligem e a espessura do pó
da nossa morada,
e as nossas portas não serão portas,
mas fios de flores
que nos perfumarão
a entrada
de cada amanhecer.


Teresa Castro

terça-feira, maio 04, 2010

O Poema Original!


Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

Ary dos Santos, in 'Resumo'

quarta-feira, abril 14, 2010

Shimbalaiê!