sábado, abril 29, 2017


Têm cores fulgurantes
Deslizam entre os dedos
Dos putos da minha rua
Ouvem-se gargalhadas e
zangas, a batota está presente.
E o árbito, e o árbito, cada um deles
à vez, vai cumprindo esse papel.
Não me aproximo da janela
para não estragar estes momento
tão raros, de uma infância perdida


annadomar
tão raross

quinta-feira, abril 27, 2017







O Teu Riso
Tira-me o pão, se quiseres, 
tira-me o ar, mas 
não me tires o teu riso. 

Não me tires a rosa, 
a flor de espiga que desfias, 
a água que de súbito 
jorra na tua alegria, 
a repentina onda 
de prata que em ti nasce. 

A minha luta é dura e regresso 
por vezes com os olhos 
cansados de terem visto 
a terra que não muda, 
mas quando o teu riso entra 
sobe ao céu à minha procura 
e abre-me todas 
as portas da vida. 

Meu amor, na hora 
mais obscura desfia 
o teu riso, e se de súbito 
vires que o meu sangue mancha 
as pedras da rua, 
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos 
como uma espada fresca. 

Perto do mar no outono, 
o teu riso deve erguer 
a sua cascata de espuma, 
e na primavera, amor, 
quero o teu riso como 
a flor que eu esperava, 
a flor azul, a rosa 
da minha pátria sonora. 

Ri-te da noite, 
do dia, da lua, 
ri-te das ruas 
curvas da ilha, 
ri-te deste rapaz 
desajeitado que te ama, 
mas quando abro 
os olhos e os fecho, 
quando os meus passos se forem, 
quando os meus passos voltarem, 
nega-me o pão, o ar, 
a luz, a primavera, 
mas o teu riso nunca 
porque sem ele morreria. 

Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda
Esta quietude que me abandona,
Volta com o vento
Das árvores do meu olhar.
Tanto sobressalto
Como sombras, desvarios,
Respostas incompletas,
Sentidos desviantes, que
nos assaltam.
Eu quero a vida inteira
A cores, eu quero o mar azul, por hoje!

annadomar