quinta-feira, setembro 28, 2006

Sem inspiração alguma
Tentou escrever
Em quartos escuros ou ainda
debruçado em janelas sobre o mar
Ou num verde esgotante de pinheiros
vergados ao vento.
Nem uma palavra, que servisse a frase
que tanto esperava...
Só dentro de si existiam turbilhões!
Assim, foi rasgando folhas
Folhas brancas amontoadas
De repente ...nasceu uma flor do vazio das palavras
A emoção foi tanta,
Que adormeceu a olhar para ela
Enquanto o tempo envelhecia o dia!...
annadomar
quarta-feira, setembro 27, 2006
O meu olhar!...

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia;tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro
terça-feira, setembro 26, 2006
segunda-feira, setembro 25, 2006
quinta-feira, setembro 21, 2006
quarta-feira, setembro 20, 2006
terça-feira, setembro 19, 2006
segunda-feira, setembro 18, 2006
Plano!...

que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca.
Pergunto onde está a transparência do vidro,
a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa;
e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos,
a mesa da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,esperando
que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
Nuno Judíce
domingo, setembro 17, 2006
sábado, setembro 16, 2006
Estrelas!...
Ser o centro da luz em estrela. É bonito!...
Até apetece correr, apetece sorrir, apetece ser...
A infância regressa em ondas de ternura
As vozes antigas retomam a memória
No ponto exacto em que era feliz!
De novo criança, atravesso a noite
descuidada!...
annadomar
quinta-feira, setembro 14, 2006
quarta-feira, setembro 13, 2006

terça-feira, setembro 12, 2006
segunda-feira, setembro 11, 2006
domingo, setembro 10, 2006
As palavras interditas!...

até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, setembro 08, 2006
Os dias pesados!...

Os dias estão de novo pesados e sonolentos
A imagem desfocada persegue o tempo
Num labirinto de ideias sem sentido
Como cortar as margens à memória
Como acreditar nos ventos doces
que lambem a cara
Como viver neste rio de desafectos
Lamaçento e sedutor em tempos iguais
Os dias de novo pesados, chegam à noite
Sonolentos e cansados!...
annadomar
quarta-feira, setembro 06, 2006
De repente...

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Morais
terça-feira, setembro 05, 2006
domingo, setembro 03, 2006
Chaves com vista a Vilar de Perdizes!...

Vai uma pessoa de Lisboa a Vale de Perdizes, à feira das bruxas, procurando alívio para as suas maleitas de alma e outras... E pimba sai-nos isto ao caminho!
É obra!...
Já nada é o que era diziam os mais velhos em magote de regresso da dita cuja com o desânimo de quem se sentiu enganado. Mesmo assim, valeu o licor- rebenta cama , fura colchão , que o puto novo nestas andanças e cheio de um sorriso de cara a cara me ofereceu. Lá bebi confiante dos seus efeitos medicinais e nada... por um lado foi bom pois a cama era alheia e o quarto também !
Lá vim com a tristeza a bater-me nas pestanas, dores nas costas nem se fala e não houve exorcismo que valesse esta tamanha aflição! Sendo assim abandonei o recinto após ter bebido um chá contra a inveja que também serve para limpar o espírito, nas horas que sobram.
Mas Chaves valeu mesmo a pena, pelo encanto, pela companhia, com boa comida e bebida também. As gargalhadas fluiram , as histórias nasciam-nos à boca com o vinho a empurrá-las. De fundo um calor imenso neste Setembro!
Foi bom sair de casa e ir ali ao fundo de Portugal!
annadomar