Quando eu nasci!...

José Régio
Senta-te aqui sem receios do que possa fluir...
Vamos falar da vida, do tempo, das coisas banais
Dos que passam por nós,com um sorriso ou um
choro envergonhado.
Vamos cativar a vida para que ela não nos esqueça ,
Vamos usar palavras de novo esqueçidas
Lembradas entre bilhetes perdidos pela casa
Vamos abraçar o tempo das memórias
Repetir as coisas boas, que já vivemos
Enquanto as estações mudavam
em calendários amarelecidos, atrás da porta
Repara, mandei pintar o banco, para que te sentasses
Sem sentir as horas que iríamos partilhar
Ou o frio a chegar com o entardecer
Acabei por fechar o livro,cansada de esperar
Amanhã talvez venhas
Quem sabe... E eu sei lá se vou estar?
Mas que interessa, não achas o banco lindo?...
Mandei pintar para ti, enquanto te distrais com o voo
dos pássaros!...
annadomar
Desta janela cansei o olhar!
Contei os dias,as horas, os barcos
que chegavam e partiam de igual forma,
Já conhecia os rostos, que passavam
nesta nesga de janela
Aguardava a noite ou a madrugada
Apenas o sabiá me dizia as horas
No alto da mangueira
tapando o sol.
Estou de volta ao meu tempo,
a este espaço, onde me divido
Pelos dias que hão-de vir!...
Tinha saudades...
annadomar