quinta-feira, maio 31, 2007

Quando eu nasci!...




Quando eu nasci,

ficou tudo como estava,

Nem homens cortaram veias,

nem o Sol escureceu,

nem houve Estrelas a mais...

Somente, esquecida das dores,

a minha Mãe sorriu e agradeceu.


Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu.

As nuvens não se espantaram,


não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,


bastava toda a ternura

que olhava nos olhos de minha Mãe...



José Régio

segunda-feira, maio 28, 2007



O amor vive pelas palavras e morre com os actos...

Marina Tsvétaïeva

sexta-feira, maio 25, 2007

Senta-te aqui!...



Senta-te aqui sem receios do que possa fluir...

Vamos falar da vida, do tempo, das coisas banais

Dos que passam por nós,com um sorriso ou um

choro envergonhado.

Vamos cativar a vida para que ela não nos esqueça ,

Vamos usar palavras de novo esqueçidas

Lembradas entre bilhetes perdidos pela casa

Vamos abraçar o tempo das memórias

Repetir as coisas boas, que já vivemos

Enquanto as estações mudavam

em calendários amarelecidos, atrás da porta

Repara, mandei pintar o banco, para que te sentasses

Sem sentir as horas que iríamos partilhar

Ou o frio a chegar com o entardecer

Acabei por fechar o livro,cansada de esperar

Amanhã talvez venhas

Quem sabe... E eu sei lá se vou estar?

Mas que interessa, não achas o banco lindo?...

Mandei pintar para ti, enquanto te distrais com o voo

dos pássaros!...

annadomar

quinta-feira, maio 24, 2007

Prenda!...


"...Hoje apetecia-me uma prenda, feita de suspiros, sabores, aromas,feita de corpos, almas, feita de desassossegos, inquietações, afectos, embrulhada em papel de seda da minha pele e enfeitada com os teus sorrisos.Como um laço invisível até ao fim de nós.
- Temos de conversar - disse ela
- Temos - disse ele
- Pode ser depois de irmos para a cama?
- disse ela
- Não, não pode ser depois, tem de ser antes de irmos para a cama
- disse ele
- Porquê antes?
- perguntou ela
- Porque se tu e eu fizermos amor um dia, o mundo acabará nesse momento." ...

quarta-feira, maio 23, 2007

Abrem-se portas!...

Abrem-se portas
Para o tempo das respostas
Há uma luz perturbante
Que confunde os sentidos
Quando levemente tocamos
as palavras, que fomos dizendo
Amargas e sem lugar para descansarem
Sobra o tempo, entre marés
O mar rouba o tempo e traz
As histórias contadas, esquecidas,
Em portos tão distantes, que não queremos voltar!...

annadomar

segunda-feira, maio 21, 2007



Desta janela cansei o olhar!

Contei os dias,as horas, os barcos

que chegavam e partiam de igual forma,

Já conhecia os rostos, que passavam

nesta nesga de janela

Aguardava a noite ou a madrugada

Apenas o sabiá me dizia as horas

No alto da mangueira

tapando o sol.

Estou de volta ao meu tempo,

a este espaço, onde me divido

Pelos dias que hão-de vir!...

Tinha saudades...

annadomar