sábado, abril 18, 2009


Vem sentar-te comigo,
Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos,
passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes

Fernando Pessoa

terça-feira, abril 07, 2009



Estou à sede da alma
Nesta tarde de incertezas
Em que o vento rouba
As palavras certas
Com que gostaria de te falar
Visto o tempo que já não nos pertence
A rua mudou de sítio
Na casa cortaram os jacarandás
Que enfeitavam os dias felizes
Que fomos partilhando com os anos
Agora as memórias saltam tempos
Para não magoarem os dias infelizes!...
annadomar

sexta-feira, abril 03, 2009

O teu rosto!...


o teu rosto transformou-se na noite interminável


que atravessa cada tarde, cada tarde, cada tarde


interminável.o rio de fumo que levava o teu nome para as


estrelas dentro de dentro de dentro


da minha tristeza.e o teu rosto era tudo o que tinha.


e o teu nome era


tudo o que tinha. tu eras tudo. tudo. e tudo é agora


mais do que tudo.



José Luís Peixoto