
Na varanda, a bela infanta apaga o cigarro.
O céu sem lua atira-lhe as
estrelas para cima, deixando-a suja
de uma cinza cósmica que ela
sacode para o vaso de flores, onde
o príncipe deixou um bilhete: "Hoje
não pode ser, meu amor"; e ela,
deitando a beata do quinto andar
para a rua, volta para a sala. "Estás
pronta?" Ela não responde.
Senta-se,apenas, ao colo do sapo,
e beija-o,esperando
que se transforme em conde,
mandando o príncipe, mais o amor
dele, e o palácio, às urtigas.
Nuno Júdice Cartografia de Emoções