sexta-feira, maio 29, 2009

E tudo mudou!...



O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MMA
crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...Ping-Pong virou BabalooO
a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CDA
fita de vídeo é DVDO CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteuRPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,Cássia e Cazuza,Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...... De tudo,
Inclusive de notar essas diferenças."


Luis Fernando Veríssimo

E tudo mudou!...

domingo, maio 24, 2009

Há dias!...


Há dias em que o que vemos é um buraco
Por vezes grandioso de luz, outras tantas
negro, como o tempo que nos veste!...
O que sentimos é uma agonia, uma tontura,
a envelhecermos, a trocarmos as palavras
Os gestos reprimidos,
afagam uma cabeça distraída
Corremos o tempo, de olhos fechados
fica-nos a saudade do tempo
em que ainda brincávamos
Num enrolar de ondas perigosas
e era só mais uma, e eram muitas!...
annadomar

sábado, maio 23, 2009

A banalidade dos dias!...

...e atirei-a contra a luz que atravessava a janela e, pouco a pouco, fui-me aproximando desse bosque húmido, que se ia iliuminando com o vermelho do seu botão florido.

E comecei a lambê-lo com ternura, com a mesma ternura com que os lábios tocam a pele de um recém-nascido, com a voracidade de quem, depois de andar milhões de anos perdido nas ruas de uma cidade, chega às portas de um templo, atravessa-as , põe a língua delicadamente de fora e, cheio de esperança, recebe numa húmida eucaristia toda a paz oferecida.
in, Blues de Um Gato Velho
A banalidade dos dias
Óscar Málaga Gallegos

quarta-feira, maio 06, 2009

Humility-Wim Mertens