quinta-feira, novembro 30, 2006

quarta-feira, novembro 29, 2006

O encontro!...



Cada vez que se encontram é o encantamento! Passam horas a conversar, sobre as coisas simples da vida e dos outros dessa vida.Há quem diga que não serão só amigos, há mais qualquer coisa! A maneira como param, como se olham,como entrelaçam os guiadores, é mais que o chegar e partir! Cá estaremos para outros encontros que virão...

annadomar

terça-feira, novembro 28, 2006

Deixa que os gerâneos
Se debrucem à janela
Curiosos da cor e do movimento
Das ruas molhadas
Assim, o meu olhar

Percorre os dias azuis de chuva
Deixando que o teu sorriso se fixe
Nas pregas da minha alma


annadomar


domingo, novembro 26, 2006

Ainda Cesariny!...



Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

Lembrando Cesariny!...

Estação

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere.Talvez apareça.


Mário Cesariny

sábado, novembro 25, 2006

Aos amigos!...

Gosto muito de ti!

quarta-feira, novembro 22, 2006


Prendo-me no teu olhar
E construo uma linha
no horizonte
Suspensas as lágrimas
Caiem a conta gotas
Com a suavidade
Vestida de tristeza!...


annadomar

segunda-feira, novembro 20, 2006

Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei às romãs a cor do lume.

Eugénio de Andrade

sábado, novembro 18, 2006

Fingir que está tudo bem!...


Fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto dentro de mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.


Jose Luis Peixoto

sexta-feira, novembro 17, 2006

As velas da memória!...


(...) e ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde
chegar á boca da noite e responder...

Ruy Belo

São estes espaços, que nos fazem parar de repente!... A magnitude da solidão surge por entre a luz, que teimosamente se escapa de nós e dos objectos que fomos criando ao longo da caminhada. Cheira a jasmim e incenso, enquanto os passos percorrem o labirinto dos afectos, de mãos dadas com a vida de todos os dias tão cansada! É tudo tão feito de silêncios, que magoa o som de uma goteira longínqua.
São estes espaços, que nos trazem a pureza de acordar ainda espantada, porque a luz nos persegue. Apetece parar, ficar, estender a língua e beber a febre destes tons de uma varanda sobre a alma!...
annadomar

quarta-feira, novembro 15, 2006



Por entre a chuva perdeu-se a tarde

Numa solidão atropelada

De salpicos e torrentes atiradas

Aos muros da memória

A água correu apressada

Chegando à noite

Em que a cidade se abre

Em luzes cintilantes

O chão tem pérolas de chuva

Em que apetece chapinhar

Num rasgo roubado à meninice

annadomar

Testamento!...

À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...


Alda Lara

terça-feira, novembro 14, 2006


Éramos duas pessoas
que tinham um segredo de palavras.
Éramos duas pessoas que, ao longe,
tinham partilhado um instante.
Éramos duas pessoas.
Tudo em nós era igual.

José Luís Peixoto, in "Uma casa na Escuridão"

domingo, novembro 12, 2006

tenho saudades!...



Tenho saudades do azul das palavras

Do som do riso da felicidade

Dos segredos revelados

À beira de um bom copo de vinho.

Tenho saudades de ser feliz

Capaz de sonhar o hoje e o amanhã

Ou olhar apenas a primeira folha caída

Neste Outono arrastado sem frio

Tenho saudades...só saudades!....

annadomar

quinta-feira, novembro 09, 2006

e se!...



E se os dias perderem a côr?

E as palavras a preto e branco

Forem o som da tua boca?

Aí falarei outra língua

Para não desistir de todas as cores

Que fazem os dias, que hei-de viver!...

annadomar

terça-feira, novembro 07, 2006

O ouro sobre azul, fica tão bem!...

annadomar

segunda-feira, novembro 06, 2006

Jeanne Hbuterne!...



Quando conhecer a tua alma

Pintarei os teus olhos...

Amedeo Modigliani

domingo, novembro 05, 2006

O que mais me preocupa!...

O que mais preocupa não é nem o grito
dos violentos,
dos corruptos,
dos desonestos,
dos sem carácter
dos sem ética.

O que mais preocupa é o silêncio
dos bons "


Martin Luther King

Círculos!...



E agora,

Que faço eu?...

Enquanto desenhas círculos

Para além de mim?

Uma brisa leve varreu-me o rosto

Quis segurar-te, mas perdi-me

Nos teus rodopios.

São tantos e tantos

E todo outros que hão-de vir

Que não sei se te vou ver

Nestas voltas da vida

Nestas ruas que fazíamos

Em fins de tarde

Ombro a ombro, passos largos

Conversas fora de dia

Pela noite adentro.

E agora,

Que faço eu?...

Fixo-te os pés

Tenho medo do teu olhar

Já é outro, nos rodopios

De tempos que hão-de vir...

annadomar

sexta-feira, novembro 03, 2006

O caminho do Mar!....



O caminho para o Mar

Traz um oceano inteiro...

São momentos mágicos estes,

Em que o céu se traja de tantas cores!

Depois, de repente a noite afunda-se

Nas marés calmas feitas de silêncio.

O regresso do Mar, é mais íntimo

Mais colado ao frio

Mais colado ao corpo

Sem palavras para vestir,

Corremos então, para afugentar fantasmas

Ou apenas nós, só nós...

E o Mar bordado no olhar!...

annadomar