sábado, novembro 29, 2008

Ouve!...




Ouve-está mesmo a chover
E também está frio
E também já é Dezembro
E não apetece
Que seja já e mais Natal
Pensava alto e toda a gente ouviu
Mas não surpreendeu
Começa a ser natural
Pensar alto, carregar
A chuva, Dezembro e o frio!...

annadomar

quarta-feira, novembro 26, 2008

Sonhar!

quinta-feira, novembro 20, 2008

Sentava-se aqui!...





Sentava-se aqui

de frente para o lago.

Contava os dias , depois as horas

e por fim os dedos gelados.

Vinha sempre com os olhos brilhantes,

ansiosos da chegada.

Exercícios de solidão

escrevem-se em bancos

de frente para o lago

Há almas ternas

que se despedem ao fim

de cada dia não vivido,

sem promessas para amanhã.

Amanhã é tão longe

Amanhã é tão frio

Amanhã, o que é amanhã?

annadomar

terça-feira, novembro 18, 2008

Sodade!...




Há dias assim , feitos de saudade!...

segunda-feira, novembro 17, 2008

Quioto!...

Anoitece. Pássaros riscam de preto o fundo azul do céu. O viajante pisa o caminho feito de pó. Vai com ele uma rapariga de olhos raiados, cintilantes. Mas nada acompanha a sua ânsia.

Um barco sobe parado o rio. Por debaixo da ponte de madeira, no escuro, um casal beija-se como quem morre. Na floresta os bambus estremecem ao som do vento. as estrelas espreitam.

Uma saudade vaga ocupa os corações. A cidade dorme ao abandono. A beleza. Ninguém sabe para quem, ou para quê.


Pedro Paixão
(O Mundo é tudo o que Acontece)

sexta-feira, novembro 14, 2008



"O céu abraça a lua tenha esta a forma que tiver."

Provérbio Hindu

quarta-feira, novembro 12, 2008

Sobre as pedras!...


Sobre as pedras sem nome
Nascem flores
partilhadas de húmus
displicentes, de cores vivas
quase atropelam o espaço
de uma na outra
Adormecem à sombra
da mais alta, da mais vigilante
aprisionada, só para não partir!...
annadomar

segunda-feira, novembro 10, 2008

Infância!...


Não minha mãe. Não era ali que estava

Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.

Talvez dentro de mim que me apertava

contra as paredes do teu sexo-parto


A porta que entretanto atravessava

talhada de alabastro

abria-se fechava dilatava.

Agora sei: dali nunca mais parto


Não minha mãe. Também não era a sala

nem nenhum dos retratos de família

nem a brisa que a vida já não tem.


Talvez a tua voz que ainda me fala...

...o meu berço enfeitado de buganvília...

Tenho tantas saudades, minha mãe!


José Carlos Ary dos Santos

sexta-feira, novembro 07, 2008

Ainda - YES, WE CAN!...


Ann Nixon Cooper


Se ainda há alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que duvida no no poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta
(...) Há muito que se anuncia, mas hoje, por causa do que fizemos esta noite, nesta eleição, neste momento definidor, a mudança está a chegar à América.
(...)
Esta eleição contou com muitas histórias que se irão contar durante várias gerações. Mas aquela que eu hoje trago comigo é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões que aguardavam vez para que a sua voz fosse ouvida nesta eleição, à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
(...)
Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura; numa altura em que não havia carros nas estradas, nem aviões no céu; em que alguém como ela não podia votar por duas razões - porque ela era mulher e por causa da cor da sua pele.
(...)

E hoje, penso em tudo aquilo que leu viu ao longo do seu século de idade na América - as dores de cabeça e a esperança; a luta e o progresso; os tempos em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que empurraram o credo adiante: YES, WE CAN.

( Extracto do discurso de Obama)

quarta-feira, novembro 05, 2008

Morre Lentamente!...


Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar, morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoínho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz
com o seu trabalho, quem não arrisca o certo
pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida
a fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante...
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança
fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade"


Pablo Neruda

terça-feira, novembro 04, 2008

Este Outono!


Este Outono triste
a orvalhar o olhar
entre gotas de chuva tímidas
ou o frio a estalar os ossos
humedecem os passos
cansados e incertos.
Chegam os sons, mas não as cores
do fogo que se apaziguou
Nas tuas mãos, mergulho as minhas,
No meu olhar canso o teu!...
annadomar

segunda-feira, novembro 03, 2008

Como os dias,
longos, mas suaves
silenciosos, ocultos
sem regressos, sem expectativas
que envolvam um retorno
feliz!...

annadomar